Nº 1150

 

Liberdade e responsabilidade

A liberdade, certamente, é a base para o reconhecimento da dignidade e das capacidades da pessoa. Mas, se é deixada a sós, pode rapidamente enveredar pelo egoísmo e pela prevaricação.

Eis, então, a necessidade de exaltar a outra componente humana, igualmente decisiva, a responsabilidade. Ela nasce da consciência e alimenta-se da moral, e está pronta a impor-se autonomamente sem limites e obrigações, para que a presença da pessoa na sociedade não seja devastadora, mas construtora.

Se a liberdade é o território em que nos movemos, a responsabilidade é o traçado das estradas e, se se quiser, também o perímetro ou limite. Infelizmente, assistimos muitas vezes a atos “irresponsáveis” que florescem da liberdade sem serem submetidos ao controlo da razão e da vontade.

A responsabilidade é a consciência do próprio limite e dos deveres que se têm com o bem comum. O mesmo Frankl escrevia: «Quanto mais o homem sentir a sua vida como tarefa, mais ela assomará como significativa».

A educação deveria conduzir àquele sentido de responsabilidade que tantas vezes registamos como ausente do comportamento de todos, jovens e adultos. O escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, em “Terra dos homens”, declarava: «Ser homem é precisamente ser responsável».

 P. (Card.) Gianfranco Ravasi

 

 

MEDITAR

Somos ramos, Ele vive: fazemos parte da mesma planta que Cristo.

Eu sou a videira, a verdadeira. Cristo a videira, eu a gavinha: eu e ele a mesma coisa! A mesma planta, a mesma vida, uma única raiz, uma só seiva. Ele em mim e eu n’Ele, como o filho na mãe.

E o meu pai é o vinhateiro: Deus fala com as palavras simples da vida e do trabalho. Um Deus que trabalha em mim, trabalha ao meu redor, não segura o cetro, mas as tesouras, não se senta no trono, mas no muro da minha vinha. Para me fazer dar sempre mais fruto.

E mais uma novidade absoluta: enquanto nos profetas e salmos do Primeiro Testamento, Deus era descrito como o senhor da vinha, lavrador diligente, vindimador atento, surge uma outra coisa na comparação com as vinhas, Jesus diz agora algo de revolucionário: Eu sou a videira, vós sois os ramos. Somos parte da mesma planta, como as faíscas no fogo, como a gota na água, como a respiração no ar.

Com a Encarnação de Jesus, Deus enxerta-se na humanidade e em mim próprio, e uma coisa extraordinária acontece: o vinhateiro fez-se videira, o semeador semente, o oleiro fez-se barro, o Criador criatura.

A videira - Jesus empurra a seiva em todos os meus ramos e faz circular a força divina por cada uma das minhas fibras. Recebo Dele vida dulcíssima e forte.

Deus que me é íntimo, que flui dentro de mim, que me quer sempre mais vivo e mais fecundo de gestos de amor... Que ramo iria desejar separar da planta? Porque iria querer a morte?

Cada galho que dá frutos é podado para dar mais fruto. Podar a videira não significa amputar, enviar doenças ou sofrimento, mas dar força, qualquer camponês sabe: a poda é um presente para a planta.

Para mim este é o Deus viticultor: "Dar fruto é um símbolo de possuir a vida divina" (Brown). Deus trabalha pelo aumento, pela intensificação de tudo o que de mais belo e prometedor habita em nós.

Entre o cepo e os ramos da videira, a comunhão é dada pela seiva que sobe e se espalha até a última preciosidade. Trazemos um tesouro nos nossos vasos de barro, um tesouro divino: há um amor que se eleva ao longo das cepas de todas as vinhas, de todas as existências, um amor que se eleva em mim e irriga todas as fibras.

E percebi isso muitas vezes nas estações do meu inverno, nos dias de meu descontentamento; vi-o abrir existências que pareciam ter acabado, fazer reiniciar famílias que pareciam destruídas. E por fim até os meus espinhos fez florescer.

Se soubéssemos qual é a energia que existe na criatura humana! Temos cá dentro uma vida que vem antes de nós e vai para além de nós. Vem de Deus, raiz do viver, repete-se em cada pequeno ramo: preciso de ti para dar cachos perfumados e doces; de ti para uma colheita de sol e mel.

Ermes Ronchi

 

 Um dia houve alguém que quis ser a Liberdade

 

Um dia houve alguém que quis ser a Liberdade. Entregou-se por inteiro para que todos pudessem ser. Tornou-se vida doada para que ninguém fosse oprimido. Apostou numa vida disruptiva para que a liberdade existisse a partir da Verdade.

Um dia houve alguém que quis ser a Liberdade. E para isso usou palavras de vida eterna e como se não bastasse alimentou-as com atos. Ergueu quem não se sabia amado. Amparou quem já não encontrava sentido na vida. Perdoou quem se sentia perdido no erro e na falha. E quando já tudo parecia finalizado, morto eis que deu a conhecer a possibilidade do recomeço.

Um dia houve alguém que quis ser a Liberdade. E conseguiu sê-lo porque não vivia acorrentado às imagens do "sempre foi assim". Conseguiu sê-lo porque se deixava guiar pelo Espírito vivificante. Conseguiu sê-lo porque se sabendo filho muito amado, distribuiu todo esse amor para que todos e todas também sentissem a força libertadora de um amor revelado por um Deus-Pai com entranhas de Mãe.

Um dia houve alguém que quis ser a Liberdade. E hoje? Quem dá a conhecer a sua obra? A sua mensagem? Quem se dispõe a erguer quem se sente preso pelo passado? Quem se dispõe a erguer quem se sente preso pelo medo? Quem se dispõe a erguer quem se sente preso por não poder simplesmente ser?

Um dia houve alguém que quis ser a Liberdade e conseguiu-o. Um dia houve alguém que foi a Liberdade porque fez da Sua vida uma porta: a porta que dá acesso ao amor libertador do recomeço!

Emanuel António Dias

 

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Pensei

que a liberdade vinha com a idade

depois pensei

que a liberdade vinha com o tempo

depois pensei

que a liberdade vinha com o dinheiro

depois pensei

que a liberdade vinha com o poder

depois percebi

que a liberdade não vem

não é coisa que lhe aconteça

terei sempre de ir eu.

Sónia Balacó


 

INFORMAÇÕES

IRMANDADE DO DIVINO ESPÍRITO SANTO - CALHETA

A Irmandade do Espírito Santo da Calheta informa que o pagamento da quotas e entrega dos prémios para o bazar, poderão ser realizados na sede da Irmandade nos próximos domingos, 28 de abril e 5 e 12 de maio, entre as 16 e as 18 horas


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Nº 1150

Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Pensei

que a liberdade vinha com a idade

depois pensei

que a liberdade vinha com o tempo

depois pensei

que a liberdade vinha com o dinheiro

depois pensei

que a liberdade vinha com o poder

depois percebi

que a liberdade não vem

não é coisa que lhe aconteça

terei sempre de ir eu.

Sónia Balacó

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